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O Informador

Lustrum [Robert Harris]

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Autor: Robert Harris

Editora: Editorial Presença

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Julho de 2011

Páginas: 448

ISBN: 978-972-23-6044-9

Classificação: 4 em 5

 

Sinopse: Lustrum é o segundo volume da soberba trilogia sobre a vida de Cícero, o político e orador brilhante que viveu durante um dos períodos mais conturbados da história de Roma. 

Corre o ano de 63 a. C. e Cícero acaba de ser eleito cônsul, mas muitos são aqueles que cobiçam o poder - César, o seu rival implacável; Pompeu, o general mais importante da república; Crasso, o homem mais rico; Catão, um político fanático; Clódia, um playboy movido pela ambição; e Catilina, um psicopata que conspira contra Cícero e contra a própria república de Roma. O narrador é Tirão, secretário pessoal de Cícero ao longo de quase quatro décadas, e é através do seu olhar astuto que entramos nos meandros políticos da Roma Antiga, na finíssima e labiríntica teia de traições, intrigas, sedução e crueldade que a envolve. 

Com uma fundamentação histórica irrepreensível e um virtuosismo literário exuberante, Lustrum evoca a Roma de Cícero com uma vivacidade raramente conseguida.

 

Opinião: Lustrum é o segundo volume da trilogia sobre a vida de Cícero na sociedade romana e se a leitura de Imperium foi ganhando alento ao longo de cada etapa que ia sendo descrita pelo fiel escravo e amigo Tirão, com esta continuação o gosto pela vida do herói romano ganhou outro destaque. 

Em Lustrum o leitor é convidado a conhecer um Cícero numa nova fase da sua vida. Após o grande e excelente desempenho como orador, a ascensão política vai acontecendo até à conquista do Senado onde triunfou graças aos certeiros discursos onde conseguiu levar as votações para o lado que bem entendia, conseguindo com o seu método de persuasão através das palavras encaminhar quem seguia os seus ideais e quem também andava indeciso entre o caminho a seguir. Cícero conquistou multidões, enfrentou nomes bem sonantes de Roma, como é o caso de Catilina que foi um dos primeiros derrotados numa história real. Caminhando entre armadilhas e amaldiçoado por quem queria o seu lugar, Cícero é descrito nesta narrativa como um dos heróis de todos os tempos, um dos responsáveis por algumas mudanças políticas que o Mundo foi conhecendo ao longo dos tempos. 

Se numa primeira fase de Lustrum conhecemos o grande e todo poderoso Cícero que a maioria quer seguir, aos poucos o poder transforma as suas ideias e é ai que alguns dos que lhe são próximos conseguem virar o jogo, tendo o leitor a visão do tirano que este homem se transformou ao longo dos anos de poder. Robert Harris, o autor, sempre mostra um Cícero herói e mesmo quando o trajeto deste líder começa a entrar numa fase menos boa e descente, o leitor é convidado a continuar a ter uma noção de um Cícero frágil mas graças à capacidade de influência do autor não consegui ter qualquer pensamento menos bom sobre os atores deste romano em algum momento ao longo da leitura. Cícero pode ter feito muita coisa boa mas também conseguiu trilhar socialmente maus caminhos, tendo seguido um rumo de ditador para com os seus opositores onde a maldade aliada ao poder mostraram um ser sem escrúpulos que em Lustrum é bem embrulhado por Harris a favor da imagem de um herói. Do grande orador, ao grande cônsul e até chegar à queda correram poucos anos porque Júlio César, Pompeu e Crasso não se deixaram abater por este líder que tudo teve para tudo perder. 

Lustrum termina com um Cícero acabado em contrassenso com a política que se faz sentir por um império que ajudou a levantar mas de onde saiu derrubado, criando inimigos junto dos seus antigos seguidores que saltam de bancada ao sabor do vento.

Robert Harris é, sem dúvida alguma, um excelente contador de histórias sobre a História, criando um verdadeiro envolvimento entre as personagens reais e que são retratadas nesta trilogia como figuras que ficaram para a posteridade num enredo complexo que é contado com um realismo que o leitor vai imaginando cada espaço e acontecimento à medida que cada página vai sendo passada, como se um papiro de Tirão tivesse a ser visto e conhecido com a verdade dos factos sobre a vida social e os meandros políticos de Roma nos tempos de Cícero. 

Claro que tenho de frisar, mais uma vez, que a leitura desta trilogia não é de todo leve e fácil, estando a descrição muito presente nesta narrativa que tem de ser percorrida com bastante atenção, já que o modo como tudo vai sendo contado não facilita a que se consiga ter com Lustrum, tal como acontece em Imperium, uma leitura rápida e suave. Robert Harris tem uma escrita arrastada e pesada que pode levar os leitores menos pacientes a não seguirem as pisadas de Cícero.  

Após Imperium e Lustrum segue-se Dictator onde os confrontos políticos irão continuar em grande destaque pelos últimos anos da vida de Cícero. 

 

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